GPS Financeiro

Se você quer ir longe com o seu negócio é preciso saber onde está, verificar o seu ponto de partida, e saber onde quer chegar. Depois estudar sua rota e ver o melhor caminho. Organize-se, planeje e vá na direção dos seus objetivos.
“Atingir um objetivo que você não tem é tão difícil quanto voltar de um lugar para onde você nunca foi”
(Zig Ziglar, escritor americano)


Ponto de partida Planeje primeiro e realize depois. É pouco provável que sua empresa cresça ou se mantenha ativa por muito tempo em que o gestor tenha austeridade na hora de aplicar o dinheiro da loja.
Viver de improviso e ao mesmo tempo obter o máximo retorno financeiro é impossível. O tempo perdido não volta mais, mas você tem todo o tempo do mundo para obter o máximo de lucro para a sua empresa daqui para frente, valorize este tempo!
“O primeiro passo é o empresário entender claramente o seu negócio”, diz o consultor financeiro Márcio Chagas de Almeida, da SIRFIN (Consultoria Financeira). “É preciso saber os pontos fracos e fortes, olhar as oportunidades e as ameaças do mercado e saber diferenciar o que é custo e o que é despesa”, argumenta. Veja o que está dando certo na sua loja e se tem algo que acredita estar pesando no orçamento.
Verifique se tem muita concorrência e busque entender os sinais que a loja te dá. “Com estes conceitos básicos firmados será possível desenvolver um planejamento financeiro para o seu negócio”, afirma o especialista.
Oplanejamento não se resume a criar tabela com números, ou utilizar recursos tecnológicos (veja o Box Tecnologia no fluxo de caixa - página 42), mas essa é uma forma de visualizar o estado do seu orçamento e fazer um “diagnóstico”, assim ficará fácil saber se há um problema e onde ele está. Depois será preciso pensar em formas de solucioná-lo. Faça uma planilha considerando tudo que entra e o que sai do caixa da empresa. Atualize-a diariamente! Esse controle servirá como um mapa ajudando a indicar as direções.
“Acompanhando a tabela diariamente você tem a posição de tudo o que foi vendido e ou pago naquele dia, o controle de vendas deve refletir a forma de como a venda foi efetuada (a vista ou a prazo, com desconto, cheque, cartão, dinheiro, e todas estas informações devem ser lançadas de forma correta para que se tenha uma posição fiel das vendas), o mesmo se refletindo para as compras”, orienta Márcio.
Sinésio Alves, especialista em finanças e co-fundador do portal investpedia, concorda dizendo que em uma planilha ou software de controle todas as entradas e saídas previstas, assim como as de fato são realizadas. Por exemplo, se o lojista paga o aluguel do espaço da loja todo o dia 10, sabe que até esta data deve ter levantado o valor necessário para cobrir esta despesa.
“Também é importante contar com uma margem prevista para inadimplência”, completa Sinésio, lembrando que é interessante ter uma margem de segurança e não comprometer o orçamento com contas muito altas sem a certeza de que terá condições de pagar. “As vendas à prazo devem entrar provisionadas e fracionadas nesse controle”, completa.
Defina o destino
É interessante planejar de modo que seja possível realizar, pensando em metas que de fato podem ser alcançadas. Para facilitar o processo, é interessante dividir em etapas, quais os pontos de parada nessa viagem? Pense no curto, médio e longo prazo. O consultor Glauber Pereira, coordenador do curso de pós-graduação em Gestão Estratégica de Varejo da Universidade Potiguar, diz que no início o empresário deve estabelecer o que quer para o seu negócio e pensar em um passo a passo. “Se a loja precisa de uma reforma urgente e percebo que isso pode melhorar a frequência de clientes e, por consequência, aumentar minha renda, tenho que ver esta reforma como prioridade, pensar nos seus custos e estudar em quanto tempo conseguirei o valor necessário para realizá-la. Dentro disso posso estudar outras formas de aumentar os ganhos, reduzir custos supérfluos e assim diminuir o tempo necessário para essa etapa do meu objetivo maior”, exemplifica. “Enfatizo que antes de o empreendedor investir, ele precisa estudar e buscar informações para decidir melhor como e quando deve investir”, acrescenta.
Quer pegar um atalho?
Para algumas coisas não é possível diminuir o percurso, as dificuldades estarão sempre presentes, mas para quem se prepara, é sempre mais fácil. Esteja informado sobre o que acontece no seu segmento, estude, leia livros e busque cursos e palestras sobre negócios na sua região ou mesmo online.
Alerta
Não se deixe levar cegamente pelos gerentes de bancos e financeiras, nem sempre o que é bom para eles é o melhor para você, estude bem qualquer proposta antes de aceitar.
Siga o mapa
Tudo planejado, é hora de partir! Siga o planejamento e vá acompanhando, estude novamente de vez em quando, veja se é necessário mudar algum trecho do percurso. Este mapa pode não dar todas as respostas, mas ajudará a estar mais perto, te orientando.
Evite o caminho tortuoso
Com o aumento da renda da população, sobretudo a ascensão da classe C, o poder de compra é maior e o comércio vem faturando mais nos últimos anos. Justamente por isso é um ótimo momento para os lojistas se capacitarem e aproveitar o momento promissor.
Para tirar o maior proveito desse período, os consultores revelam:
os 4 erros mais comuns e como evitá-los:
1 - Confundir o faturamento da empresa com os ganhos do empresário:
“Muitos varejistas acabam confundindo os dois conceitos: lucro e remuneração, e não é raro encontrar quem mantenha a mesma conta corrente para os gastos pessoais e os da empresa”, comenta Sinésio. Essa prática pode comprometer a saúde da empresa e, em casos graves, pode levá-la à falência e trazer aborrecimentos e muitas dívidas.
Evite essa dor de cabeça! Separando a conta, pode ser que a principio sua remuneração seja abaixo do esperado, mas fazendo a empresa crescer de forma estruturada, o valor ganho será maior. “A sobrevivência da loja é o mais importante, pois é ela quem garantirá o seu salário nos próximos anos”, comenta Glauber, alertando sobre este risco. “A ordem é planejar, avaliar de quanto ele (empresário) precisa para viver, e quanto a empresa precisa para manter-se operante e com capacidade de formar reservas”, enfatiza Márcio. “O dinheiro retirado da empresa deverá ser o pró-labore e a participação nos lucros e nada além disso”, explica Sinésio que completa: “caso o empresário se veja constantemente precisando de mais dinheiro da empresa, é sinal de algo não está bem”.
- Abrir um negócio para obter salário e não lucros: “outro erro gravíssimo é quando o empresário abre um negócio para obter um salário. Ou seja, ele não muda sua mentalidade para a de um empreendedor, mas sim continua com a mentalidade de empregado, visando apenas o salário ao final do mês”, afirma. Os empresários devem buscar ampliar essa visão, a partir de conhecimentos sobre marketing, gestão, logística, contabilidade e tudo que envolve a loja. Ao estabelecer um ganho fixo corre-se o risco de comprometer o orçamento da empresa a ponto de entrar em dívidas, ou mesmo impedir, ou limitar, o crescimento.
2 - Comprar bem é um dos principais segredos do negócio:
Há quem erre ao fazer as compras. “Pergunte a qualquer empresário a importância de se ter um estoque enxuto e sem desperdícios. Uma compra malfeita é sinônimo de produtos encalhados e potenciais prejuízos”, alerta Sinésio. Ele completa dizendo que o lojista deve dar importância ao seu controle de estoque e saber, por exemplo, quais os produtos que giram mais rápido e que dão maior retorno? Quanto esses produtos representam no seu faturamento? Qual a curva ABC do seu estoque? Quais produtos ele pode descartar na próxima compra? Quais os produtos por fornecedores tem maior aceitação para o seu público e saída nas lojas? Evite gastar com o que não é necessário, se for experimentar algo novo, para ver como os clientes reagem, se tem interesse por aquele produto por exemplo, compre em pequena quantidade ou faça um acordo com o fornecedor, de forma que possa trocar o produto caso não tenha saída.
3 - Cuidado com os prazos:
“É confortável a ideia de receber os produtos, vendê-los e só depois começar a paga-los ao fornecedor.
Mas esse pensamento exige cuidados para que os prazos não se sobreponham e acabem por comprometer o fluxo de caixa da empresa”, orienta Sinésio, que exemplifica: “imagine uma empresa que faça quatro grandes compras anuais (excluindo as reposições). Se o empresário optar por faturar tais compras em, digamos, seis meses cada, chegará uma hora em que os parcelamentos se sobreporão e poderão comprometer o bom andamento do fluxo de caixa, além dos encargos financeiros do “financiamento”, ou seja, os juros”.
Por isso, é importante conhecer bem o negócio e saber equilibrar as contas de modo a obter o máximo de vantagem dos prazos oferecidos pelos fornecedores, estudar se a oferta é boa, tem boas condições de pagamento, mas também verificar os outros compromissos assumidos para saber se terá ou não condições de pagar.
Não haja por impulso ou por “achismo”, tenha certeza.
4 - Não ter reserva para o capital de giro:
“É comum empresários de primeira viagem confundirem as duas coisas”, comenta Sinésio. Para ele, muitos lojistas iniciantes acreditam que basta ter o valor necessário para o investimento inicial para abrir o negócio e começar a obter lucro. “Investimento inicial é aquele necessário para ‘construir’ o negócio, ou seja, custos como mobiliário, reformas, equipamentos, treinamentos iniciais, entre outros”, argumenta. “Capital de Giro é o valor necessário para manter o negócio no dia-a-dia. Pagar o aluguel, os salários dos funcionários, as despesas diárias com papelaria e serviços terceirizados, por exemplo”, diz. Assim, para abrir um negócio, em termos simplificados, é necessário: Investimento Inicial + Capital de Giro. É preciso ter um valor à mais no início, para dar conta das despesas de manutenção, até que a receita aumente. Márcio reforça dizendo que é preciso ter sempre uma reserva para o capital de giro. “Normalmente as pessoas são como as empresas, não se preparam para momentos de crise”, lamenta. “Sempre recomendamos que uma reserva seja feita para estes momentos, ou para um investimento e para se recuperar depois de um desastre ou situações que fujam do controle”, afirma.
Tecnologia no fluxo de caixa
Existem diversas ferramentas disponíveis no mercado, selecionamos alguns programas gratuitos disponíveis na internet que podem auxilia-lo nessa tarefa. Alerta: “de nada adianta você ter a melhor ferramenta se o colaborador que vai utilizar, desconhece um plano de contas, tem dificuldades com informática, ela não substitui o planejamento, mas pode facilitar a operação”, diz Márcio.
FinanceDesktop
Disponível no site: www.financedesktop.com.br O software lançado em 2005 funciona da seguinte forma: importa dados do extrato bancário do usuário que cadastra seus dados na conta criada no site do desenvolvedor. O programa avisa por e-mail a data de vencimento das contas.
Ajuda a organizar as datas das contas, a elaborar o orçamento e calcular o valor dos impostos.
O programa permite que o usuário imprima os relatórios gerados.
As informações cadastradas são armazenadas em banco de dados seguros.
Hábil Pessoal
Disponível no site: www.habilpessoal.com.br A primeira versão foi criada em 1999, hoje é oferecido em duas versões, a paga e a gratuita. O programapermite a elaboração de uma agenda de contatos e de compromissos, controle de contas bancárias, contas a pagar e a receber, além de receitas e despesas. O recurso para a organização do orçamento e fluxo de caixa são separados com o objetivo de tornar o controle mais fácil.
Há também um recurso que considera as despesas com cartão de crédito e ajuda a calcular os juros. Está disponível em português.
Opções Smart
Para os mais modernos, há também ferramentas disponíveis para Smartphones, que permitem mobilidade nesse controle e podem tornar ainda mais fácil a operação.
InDinero
Disponível no site: https://indinero.com Possui o painel móvel de controle financeiro, ideal para pequenas empresas. Permite o cruzamento de dados como receita de vendas, gasto com equipes e pagamento de fornecedores, entre outros. Possui um sistema de lembrete das contas a pagar e é gratuito.
Freshbooks
Disponível no site: www.freshbooks.com Reúne funções importantes de contabilidade e finanças em um sistema móvel, onde é possível fazer o controle de caixa, fornecedores e mesmo calcular impostos. A plataforma é simplificada e de fácil utilização. O aplicativo é gratuito e permite a integração sistemas de vendas e CRM.
O passo a passo do Ciclo Financeiro
Já vimos que é preciso ter um objetivo para planejar o
melhor caminho para o negócio obter sucesso. Porém a
gestão financeira trata apenas de fazer ou não uma tabela
diária considerando os recursos que entram e saem, mas
entender o funcionamento desse ciclo é importantíssimo
1 - Para saber qual a necessidade de capital de giro, é preciso observar na tabela qual o gasto médio que a empresa precisa ter para se manter. O mínimo de faturamento mensal para garantir a sobrevivência da loja (considerando pagamento de funcionários, a sua própria remuneração, aluguel do espaço e pagamento das contas básicas como telefone, água e luz).
2 - Mensure o prazo médio de estocagem dos produtos, quanto tempo leva para o produto comprado ser vendido. Procure entender quanto é necessário gastar e em que frequência para manter o estoque com a quantidade de produtos adequada do seu negócio.
3 - Verifique o prazo médio de pagamento dos seus produtos, quando são pagos parcelados ou à vista.
4 - Anote o prazo de pagamento para os fornecedores e veja se o faturamento dos produtos na loja acompanha o ritmo de pagamento das parcelas.
5 - Calcule o ciclo financeiro somando o prazo médio de recebimento com o prazo médio de estocagem. Em seguida subtraia o prazo médio de pagamento.
6 - Agora, é possível determinar a necessidade de capital de giro confrontando essa informação com o prazo das vendas diárias que a empresa planeja realizar com o prazo médio dos pagamentos. Assim é possível entender qual a meta de vendas, quanto é preciso vender, para manter as contas em dia o ano todo
Crescer é aumentar o faturamento e a lucratividade, depois da meta mínima alcançada, aproveite para bolar estratégias para continuar lucrando cada vez mais. Não se esqueça de reservar parte do valor faturado para investimentos futuros e para conseguir se segurar diante de um momento de crise.
Depois de entender o seu ciclo financeiro e identificar a meta mínima de vendas para manter as contas em dia, defina as responsabilidades e os papeis de cada pessoa envolvida no trabalho, incluindo sócios fundadores e os seus funcionários. Organizando bem essas funções é possível tornar mais claro os procedimentos a serem realizados e padronizar o trabalho. A rotina será mais fácil e saberá se é preciso pisar no acelerador ou parar no primeiro sinal de alerta para rever os cálculos financeiros. O melhor é sempre encurtar ao máximo o ciclo financeiro e diminuir o prazo de estocagem.
Se o produto fica muito tempo em estoque, pode ser mais interessante comprar em menor quantidade, e repor aos poucos, de acordo com a demanda. Assim você conseguediversificar os produtos, caso os clientes queiram uma nova opção de compra, e reduzir os custos fixos dos meses sem grande movimento. A saúde financeira do seu negócio só depende de você. Estude, planeje e execute.
Desejamos boa sorte e ótimos negócios!
Sinésio Alves,
consultor financeiro, ministra cursos e palestras sobre mercado financeiro.
Glauber Pereira,
coordenador do curso de pós-graduação em Gestão Estratégica de Varejo da Univ. Potiguar.
Márcio Chagas de Almeida,
sócio-diretor da Sirfin Consultoria Financeira.


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