Empreendedor ou empregado? Um desafio interior

Uma das características marcantes nos empreendedores bem-sucedidos é a sua capacidade de reagir às difi culdades de qualquer natureza e sua extrema facilidade em conviver com a ambiguidade.
Isso lhes permite participar de muitas atividades ao mesmo tempo, ainda que não tenham uma ideia formada a respeito de como as coisas se comportarão no futuro. Para quem empreende, a criação da empresa é a coisa mais importante.
Diferente dos empreendedores, os empregados oscilam constantemente entre a pseudossegurança proporcionada pelo emprego formal e o eterno desejo de ser o “dono do seu próprio nariz”.
Eles seguem basicamente algumas regras bem-estabelecidas com o advento da Revolução Industrial e consolidadas no início do século passado com a Escola da Administração Científi ca do Trabalho, liderada por Frederick Taylor, nos Estados Unidos, e Henry Fayol, na França.
Em geral, os fi lhos da Revolução Industrial tornaram-se adeptos da cultura da “devoção” a uma única organização ou instituição, a exemplo do que ocorreu no Brasil a partir da década de 1970, com os investimentos do governo direcionados para o crescimento econômico e com o surgimento de grandes obras que amealharam milhares de profi ssionais dispostos a investir na carreira pública.
Isso fazia sentido até a metade da década de 1990, quando as empresas passaram a enfrentar o fenômeno da globalização e os mercados sofreram uma reviravolta. As oportunidades surgiram na mesma proporção das difi culdades, a concorrência tornou-se mais acirrada, as margem de lucro foram reduzidas drasticamente e o número de vagas proporcionadas pelos empregos formais continuou minguando. Apesar das inúmeras possibilidades que se abriram por conta da evolução tecnológica dos últimos 50 anos, ainda vivemos numa sociedade que busca freneticamente a opção da suposta segurança proporcionada pelo mercado formal de trabalho.
Decorridos mais de 250 anos do início da Revolução Industrial, a maioria das pessoas ainda prefere “a escravidão na segurança ao risco na independência”, de acordo com o filósofo francês Emmanuel Mounier, o Pai do Personalismo.
Signifi ca dizer que, embora a opção empreendedora seja vista como um grande ideal de vida e realização, o trabalho formal continua sendo a opção da maioria das pessoas nos quatro cantos do mundo. Isso não é bom nem ruim. Também não é uma simples questão de escolha.
Em meio ao progresso, surgiram as demissões em massa, as doenças decorrentes do elevado esforço requerido pelas indústrias, das condições precárias do ambiente de trabalho, da ausência de férias, da necessidade recorrente de multiplicação do capital, dos interesses econômicos visivelmente acima dos interesses sociais, da concentração da riqueza e da ampliação da pobreza.
Diante de tudo isso, algumas questões continuam intrigando milhões de pessoas ao redor do mundo, principalmente jovens que buscam um lugar ao sol no concorrido mercado de trabalho: ser empreender ou ser empregado? É possível substituir a escravidão na segurança pelo risco na independência? Vale a pena o esforço para criar o futuro desejado?
Não alimente a menor dúvida sobre isso. Os holofotes estão por toda parte, prontos para iluminar o caminho de quem se arrisca a dar a cara para bater em troca de uma vida mais desafi adora e mais próspera, em que o sentido de contribuição e o sentido de realização são importantes, desde que conquistados com um mínimo de planejamento.

*Administrador, Coach Empreendedor, Escritor e Palestrante


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