Perspectivas para 2013

“Os motivos da reversão das expectativas do PIB em 2012 deveram-se a divulgação preliminar do produto interno bruto do 3º trimestre que registrou um crescimento de 0,6% quando comparado ao 2º trimestre de 2012. No resultado acumulado do ano até o mês de setembro apresentou aumento de 0,7%, em relação a igual período do ano anterior”, comenta Erivaldo Vieria, professor de economia da FECAP

 

No início do ano passado o crescimento do PIB estava previsto em 4%, porem o baixo investimento da indústria acabou por segurar o crescimento brasileiro em 1%. Novamente o governo aposta em um crescimento de 3,9%, aproximadamente, e muda as estratégias para alcançar este resultado.

 

A relação econômica do pais funciona assim: quando há pouco investimento, o crescimento é baixo, deixamos de criar empregos e o resultado da indústria acaba por influenciar o de todos os outros setores da economia, inclusive do comércio.

Portanto a solução é aumentar o investimento e facilitar a circulação de mercadorias dento e fora do país. Conversamos com especialistas em economia para entendermos como está o cenário econômico nacional e saber o que podemos esperar para este ano que acaba de começar.

Alguns especialistas estão mais otimistas que outros, mas de modo geral o cenário econômico do país contínua positivo, estamos equilibrados e continuamos crescendo, ainda que em um ritmo mais modesto.

“A reação esperada pelo mercado no terceiro trimestre não ocorreu, frustrando as expectativas de que o crescimento econômico ficasse entre 1,5% e 2,0% em 2012. Os novos resultados apontam para um crescimento inferior a 1% para o fim do ano passado, uma taxa quase 2 pontos percentuais abaixo do registrado em 2011 e 4 pontos percentuais inferior aquela que se projetava para 2012 ao final do ano anterior”, pontua Carlos Eduardo Oliveira Junior, Assessor Econômico da Confederação Nacional de Serviços. “Em larga medida, as economias mundial e brasileira se comportaram dentro do que se esperava para o ano de 2012”, ressalta. “Houve, como o esperado, um crescimento moderado nos Estados Unidos (2,2%) e na Zona do Euro (0,4%), com recuperação da economia japonesa (2,2%). No Brasil, continuou o crescimento do consumo, sustentado pela expansão do emprego e da renda”, comenta. “A boa notícia, contudo, é o comportamento da intenção de investir, observada a partir do volume de recursos em consulta no BNDES. Para o setor de serviços, esse indicador cresceu 24$ em 2012, com projetos em consulta no valor de R$ 47 bilhões. Isso indica que, o investimento em serviços pode voltar aos patamares de 2011”. Concluir animado.

Panorama Mundial

2012 trouxe turbulências na economia do mundo todo, mas o Brasil se manteve relativamente bem diante do panorama mundial. A crise da União Européia ainda deve se arrastar por um longo período, os EUA se recuperam de forma lenta e o crescimento da China está desacelerando. Enquanto isso o Banco Central mantem uma grande reserva de dólares, que tornará possível que o país suporte eventuais crises cambiais. “Além do contexto internacional, a ausência de reformas estruturais, investimentos e de ações efetivas para ampliar a competitividade domestica explicam esse resultado tão abaixo do esperado”,  afirma a economista Cristina Helena P de Mello, professora de economia da PUC-SP e ESPM. “Para 2013 devemos enfrentar um redesenho tributário e ampliar investimentos produtivos para obter resultados melhores”, conclui.

“O varejo atendeu às expectativas”, conta Mello. “Porem, chama a atenção as grandes diferenças regionais”, ressalta. “O crescimento do varejo se distribuiu heterogeneamente entre estados e municípios em função de crescimento também heterogêneo da renda”, comenta.

 O Varejo e a questão dos tributos

A preocupação com a tributação é evidente. Em 2012, o governo Dilma, com o objetivo de responder aos desafios que a conjuntura mundial apresenta, reduziu substancialmente a taxa básica de juros e houve um direcionamento da taxa cambial. Ainda foram feitas intervenções na economia um tanto ousadas: como a redução das taxas de empréstimos bancários, dos impostos em alguns setores, no preço da energia elétrica e dos combustíveis. Tudo isso deve repercutir na economia brasileira no médio prazo. Facilitando o investimento, a economia deve crescer, esse é o objetivo final.

A especialista defende, porem, que a redução da taxa básica de juros, apesar de expressiva, teve pouco impacto de redução nos juros cobrados pelo varejo até o momento. A pesquisa da associação Nacional dos Executivos de Finanças (Anefac) mostra que em dezembro de 2011, os juros do comércio eram 5,36% ao mês ou 87,12% ao ano. “Os dados de dezembro de 2012 ainda não foram publicados, mas esta pesquisa mostra que os juros do comércio caíram para 4,3% ao mês ou 65,73% ao ano”, comenta Mello. “Portanto, os juros continuam muito elevados. Aparentemente a redução do IPI, teve impacto mais significativo”, conclui.

Ela acredita que para o país crescer de vez, tanto com relação ao investimento na indústria quanto em serviços e comércio, a solução está numa reforma tributária eficaz, assim o comerciante teria preços mais competitivos – quando se tratar da redução de impostos indiretos – e maior volume de vendas, pois a redução de impostos diretos eleva a renda disponível para outros gastos. Mello afirma que se o país tivesse melhor infraestrutura, redução da burocracia e melhoria nos serviços públicos, os empresários teriam muito mais recursos para investir nos negócios, ampliar, modernizar e contratar. O Brasil é uma das maiores democracias do planeta, e mudanças significativas no cenário econômico democrático costumam ser lentas, dependendo de conscientização da população e negociação entre os diversos atores da sociedade.

Como vai ficar o PIB?

Para 2013, a projeção do Banco Central em relação ao PIB oscilou de 3,96% para 3,94%, ou seja, próximo do que se esperava para 2012, 4%. Vieira coloca que as “expectativas de crescimento da indústria é de 6% em 2013 – atrelada a materialização dos incentivos oferecidos pelo governo ao setor industrial e a manutenção do crescimento da demanda por bens de consumo em 3,5%”. Com a intenção de investir está alta novamente, as expectativas são otimistas. “Para chegar nestes números o BC baseia-se em indicadores, como crescimento econômico, emprego, cambio, índices de inflação, taxas de juros de longo prazo (TJLP), investimentos, exportações e importações, além de aumento de renda”, explica Oliveira. Para ele, o lojista deve buscar uma equalização, pesquisando bastante para reduzir os custos, investir em divulgação dos seus produtos, e, caso precise fazer financiamentos, procurar juros baixo.

Oliveira explica que o forte ritmo nos últimos anos na geração de emprego proporcionou uma elevação na renda e consequentemente no consumo, no ultimo ano ela ficou estagnada em alguns setores. “Os lojistas de pequeno e médio porte foram os grande beneficiados desta elevação do consumo, porem, quando as vendas ficam estagnadas os lojistas devem adequar os custos à nova realidade procurando alternativas mais baratas para atender as suas necessidades”, explica.

No início do ano com a elevação do salário mínimo deve-se injetar mais 32,7 bilhões de reais na economia nacional.

“Com a elevação da base de consumo com uma quantidade maior de consumidores no mercado o lojista deve procurar investir, observando o seu nicho de mercado e o reflexo dos eventos que o Brasil se prepara para receber, como a Copa do Mundo, as Olimpíadas e a Jornada Mundial da Juventude, com a visita do Papa”, afirma Oliveira.

 

O Brasil e o mundo

Com relação ao investimento Estrangeiro Direto (IED) no Brasil, deve sofrer uma redução em 2013, passou de US$ 60 bilhões para US$ 59 bilhões, de acordo com Oliveira. “O IED menor implica em retração nos investimentos em indústria, comércio e serviço, levando a um menor crescimento da economia de um modo geral”, comenta Oliveira. Porém temos assistido a um grande investimento interno com os preparos para a Copa e Olimpíadas, o que pode equilibrar este quadro.

Para o déficit em transações correntes (registro das transações de compra e venda de mercadorias e serviços do Brasil com o exterior) , houve ajuste na projeção de US$ 54,6 bilhões para US$ 54 bilhões este ano.

Para 2013, a estimativa é de US$ 65 bilhões. De modo geral entende-se que o Brasil deve exportar mais neste ano, bem como assistir a uma elevação de transferência de dividendos e recursos ao exterior. Quando trabalhamos com muitos produtos importados, eles vem para a economia brasileira para concorrer com produtos nacionais, e consequentemente reduz os seus valores, forca a indústria nacional a criar soluções mais competitivas.

Para o produto nacional, a importação não é um bom negócio, o varejo de uma maneira geral enxerga essa concorrência de maneira positiva.

 

Investimentos internos

Quando percebem um cenário de crise e incertezas econômicas, é comum as empresas adiarem os investimentos que pretendem fazer para esperar um cenário mais favorável economicamente. Muitas vezes é isso que segura o crescimento econômico. É necessário sermos cautelosos, mas não podemos parar. “Os investimentos privados tem contrariados os diversos estímulos e incentivos proporcionados pelo governo nos últimos meses”, conta Vieira

“Aumentaram as taxas de importação para encarecer os produtos estrangeiros e assim motivar a compra de produtos nacionais, o que seria bom para a indústria brasileira, mas Vieira acredita que os resultados dessa ação governamental deve ficar para o primeiro trimestre de 2013.”

Como está a dívida pública interna?

De acordo com o BC, a estimativa para a relação entre a dívida líquida do setor público e o PIB foi mantida em 35,2%, este ano, e em 34%, em 2013. “O conceito de dívida pública está relacionado com o conceito de déficit orçamental. Aliás, é em parte devido às diferenças orçamentais que a dívida pública existe”, explica Oliveira. “imaginemos o caso de um Estado que , num determinado ano, gasta 140 unidades monetárias, mas recebe apenas 100 unidades em impostos. Feitas as contas no final do exercício, há um déficit de 40 unidades que alguém terá que pagar”, explica. O economista conta que não é ruim que o Estado tenha dívidas. “O crédito é uma fonte de crescimento econômico se for gerido com prudência”, enfatiza.

 

Crédito e Inadimplência

Com o incentivo e barateamento do crédito, o consumo de bens duráveis da famílias tem aumentado. Isso contribui para seu bem-estar e ajuda a manter o bom nível de emprego. Porem é importante fiarmos atentos para evitar o endividamento em excesso – o que pode gerar inadimplência alta. Erivaldo lembra que a Pesquisa Nacional de Endividamento e Inadimplência do Consumidor e a Serasa indicam uma estabilização nos níveis de endividamento e inadimplência, porem as perspectivas são de melhoras.

“Isso porque o mercado de trabalho está com taxas de desemprego historicamente baixas, os ganhos salariais estão acima da inflação, por causa das perspectivas de manutenção da taxa básica de juros, expectativas de aceleração do crescimento econômico doméstico e mercado financeiro com menor volatilidade devido a estabilização das expectativas em relação ao Euro”, conclui Vieira.

 


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