Nova taxa ameaça as vendas

O atual cenário econômico brasileiro, de baixo crescimento, fez com que o governo tomasse medidas de estímulo ao consumo, reduzindo as taxas de juros por meio da Caixa Econômica Federal e do Banco do Brasil, forçando os demais bancos privados a também reduzirem suas taxas. Com a pressão do governo as taxas do rotativo dos cartões de crédito, que são as mais elevadas, se comparadas a outras modalidades de financiamentos, chegando a mais de 200% ao ano, foram reduzidas pelos principais bancos. Porém, essa redução criou um impasse entre governo e bancos, pois, para caírem os juros do rotativo, alguns bancos privados planejam cobrar taxas extras de empresários ou acabar com os parcelamentos “sem juros” do comércio.
O Departamento de Economia do Sistema Fecomércio Minas avalia como sendo inadequada a cobrança de taxa extra do estabelecimento comercial que vender produtos parcelados sem juros, ou o fim dessa modalidade de financiamento. O empresário já é onerado com uma taxa para vender parcelado no cartão. Com uma nova cobrança, além do empresário, o consumidor também será penalizado com esse custo adicional, uma vez que o preço do produto será maior, desestimulando o consumo. Nos últimos anos os consumidores brasileiros se tornaram dependentes do cartão de crédito, passando a ser o principal meio de pagamento nas compras acima de R$ 100, pela facilidade de financiamento com as compras parceladas “sem juros”, principalmente de bens duráveis.
Nova taxa Ameaça as vendas Juan Moreno de Deus Economista da Fecomércio Minas A renda das Classes C e D vêm aumentando nos últimos anos e, com isso, muitos passaram a possuir cartão de crédito para compra de produtos de melhor qualidade, ou seja, os consumidores de baixa renda estão mais exigentes, valorizando a relação custo-benefício, pagando mais por produtos que permitem economia de energia e oferecem comodidade no dia a dia. Com o fim do parcelamento “sem juros” seria um retrocesso brasileiro, afetando negativamente essa nova demanda que vem crescendo no país, não sendo bom para nenhuma das partes, empresário, governo e bancos, prejudicando a recuperação da economia.
Os bancos privados alegam que a medida é uma compensação pela perda de receita provocada pela redução dos juros no crédito rotativo, mas, na verdade, os bancos ganharão com a queda, uma vez que haverá aumento do volume de transações estimuladas pelo crédito mais barato. Além disso, apesar da redução acentuada dos juros do rotativo, as taxas continuam bastante elevadas.
O governo não pode deixar os bancos onerarem mais os empresários e consumidores, pois uma nova taxa tornaria a política de estímulo ao crédito pouco eficaz para o crescimento da economia brasileira.


Voltar

Navegação