EMPREENDEDORISMO SUSTENTÁVEL

Como anda a preocupação dos micro e pequenos empresários brasileiros com a sustentabilidade?

Pesquisa realizada pelo Sebrae aponta que muitos empreendimentos adotam práticas sustentáveis em seus negócios. Apesar disso, levantamento também indica que essa deve ser uma questão intimamente ligada a gestão e parte das estratégias das empresas do segmento A questão dos empreendimentos sustentáveis deixou de ser uma tendência e está virando realidade em todo o país. Se por um lado trata-se de uma questão imposta pela legislação e pelo próprio mercado, por outro, o interesse do consumidor por produtos e serviços produzidos nesta linha ambientalmente correta, aumenta a cada dia. Por isso as empresas precisam alinhar-se a esse conceito. Algumas delas já estão preocupadas com as novas práticas e em incorporar o eixo ‘sustentabilidade’ à gestão. Outras, no entanto, ainda não percebem a sustentabilidade dos seus negócios como uma “oportunidade de ganhos”.
É o que confirma a pesquisa feita pelo Sebrae Nacional, divulgada em maio deste ano, com 3,9 mil empresários do segmento em todo o país. O levantamento intitulado ‘O que pensam as micro e pequenas empresas sobre sustentabilidade’ revelou que os micro e pequenos empreendedores se importam com a questão ambiental e entendem a complexidade do tema. Segundo o estudo, a maioria dos entrevistados sabe que a sustentabilidade está fortemente associada às questões ambientais (87%), sociais (82%) e econômicas (82%), e não apenas a um ou dois desses pontos.
O mesmo levantamento identifica que 72% entendem que as micro e pequenas empresas (MPEs) devem atribuir alta importância à questão do meio ambiente e 79% acham que as empresas que adotam ações de preservação do meio ambiente podem atrair mais clientes. Já para 47% dos empresários consultados, a questão ambiental representa oportunidades de ganhos para sua empresa, outros 40% não vêem ganhos nem despesas e 13% acham que a questão ambiental representa custos e despesas.
Quanto as práticas adotadas, segundo a pesquisa, algumas medidas já estão sendo executadas pelos pequenos e médios empresários: 70,2% fazem coleta seletiva de lixo, 72,4% realizam controle de consumo de papel, 80,6% racionam o consumo de água, 81,7% de energia, e 65,6% fazem uso adequado de resíduos tóxicos.
Apesar disso, um percentual expressivo de empresários de micro e pequenas empresas ainda não têm por hábito utilizar matérias-primas ou materiais recicláveis no processo produtivo (51,7%), assim como realizar captação de água da chuva e/ou reutilização de água (83,4%). Muitos também não participam do processo de reciclagem de pilhas, baterias ou pneus (50,9%).
De modo geral, os dados indicam a necessidade do conceito ‘sustentabilidade’ ser uma prática de gestão das MPEs micro e pequenas empresas, que devem ver nesse novo modelo, uma estratégia de mercado. Embora muitos visualizem os ganhos diretos para as empresas, para outro grupo expressivo de empresários, as oportunidades de ganhos relacionadas à questão ambiental ainda não estão bem definidas. Parte desse resultado por ser atribuído ao fato de que a sustentabilidade requer investimentos e, na mesma medida, indica que há uma necessidade de esclarecimento quanto às vantagens de implementação de ações relacionadas à preservação ambiental.
As práticas não devem se limitar apenas à reciclagem, economia de energia ou uso racional de papel. Mais do que um conceito, a sustentabilidade corporativa será o fator de sucesso competitivo para todas as empresas que têm uma visão diferenciada sobre o mercado e o próprio negócio.
 

 
Imobiliária e gráfica apostam na economia verde
Ações das empresas mineiras comprovam que investir em práticas ecológicas traz resultados Quem foi que disse que sustentabilidade inviabiliza a lucratividade?
Apesar da adoção das práticas sustentáveis ser algo cada vez mais frequente entre as empresas de todos os portes, o pensamento de que um empreendimento sustentável só gera gastos e, na mesma medida, esbarra na questão dos lucros, ainda é muito comum.
Apesar disso, empresários que traçaram sua estratégia e adotaram esse conceito como um dos pilares da administração já colhem os bons frutos.
Cerca de R$ 220 mil foi o investimento feito pelo empresário mineiro José Cláudio Fonseca para abrir uma gráfica sustentável. Significa, por exemplo, que ao invés de tinta, as impressoras da gráfica utilizam cera: uma economia de oito cartuchos e 15 mil folhas impressas a mais. A máquina derrete a cera dentro de um compartimento e gera menos poluição. O empresário também investiu no papel feito à base do bagaço de cana-de-açúcar. Tudo isso sem cobrar nada a mais do cliente e a qualidade do serviço é a mesma. Com os novos produtos, a empresa conquistou o primeiro lugar no Prêmio Sebrae de Práticas Sustentáveis. “A gente está gerando hoje 92% a menos de resíduo para cada trabalho que fazemos. O que representa, em um único cliente, às vezes 1,5 mil quilos a menos de cartucho jogado no meio ambiente”, revela José Cláudio. O empresário fatura cerca de R$ 35 mil por mês. O resultado é uma prova de que sustentabilidade e rentabilidade podem, sim, caminhar juntas.
A ‘economia verde’ também vem trazendo bons resultados para Odilon de Lima. Com mais de 40 anos de experiência no ramo imobiliário, o empresário mineiro investiu cerca de R$ 120 mil na reforma do prédio em que funciona sua empresa e na compra de equipamentos. Hoje, a imobiliária tem 500 clientes e o faturamento médio gira em torno de R$ 60 mil por mês. Com o negócio em expansão, o empresário investiu R$ 100 mil na preservação ambiental de uma fazenda em Itabirito, próximo a Belo Horizonte.
Os clientes são convidados a conhecer o local e ajudar nas práticas sustentáveis. Como reconhecimento pelas ações realizadas na fazenda, o empresário recebeu também do Sebrae o Prêmio “Práticas Sustentáveis.”
Com informações G1


Voltar

Navegação