QUEM É O PEQUENO E MÉDIO EMPREENDEDOR BRASILEIRO?

Levantamento realizado por meio de uma parceria entre o Serviço de Proteção ao Crédito no Brasil (SPC) e Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) aponta características dos empreendedores no Brasil

Homem. 42 anos. Ensino médio completo. Faturamento bruto de até R$ 60 mil por mês. Não usou financiamento bancário na hora de abrir o próprio negócio. Emprega familiares. Essas são algumas das características apontadas em estudo divulgado recentemente sobre o perfil do empreendedor de pequeno e médio porte do varejo brasileiro.
O levantamento, demandado pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC), foi realizado pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e levou em conta dados coletados em junho deste ano junto a comerciantes varejistas das 27 capitais brasileiras.
A pesquisa também aponta que 77% dos empreendedores tiveram que usar capital próprio ou pediram empréstimos aos familiares (9%) na hora de abrir o empreendimento. Do total de empresários entrevistados, apenas 7% disseram ter utilizado linhas de crédito bancário. “Apesar de toda publicidade do Governo sobre uma política de redução de juros e de direto acesso ao crédito, o resultado que chegamos é de que o empreendedor não está sendo alcançado pelo Serviço financeiro nacional”, avalia o presidente da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), Roque Pellizzaro Jr.
Entre outros dados apurados pelo levantamento, está a participação feminina no empresariado, que hoje responde por 31%. Apesar disso, o estudo aponta que os homens lideram o segmento com a fatia de 69% do setor varejista. Já em relação à escolaridade, 46% dos entrevistados têm ensino médio e 43%, possuem formação superior ou pós-graduação. Cerca de 63% dos empresários entrevistados estão no negócio atual há mais de 10 anos e 67% já havia trabalhado no varejo ou tiveram negócios herdados da família.
“Esses dados refletem o grau de maturidade do empreendimento do lojista. Empresas que passam do segundo ano de operação conseguem desenvolver a atividade comercial por mais tempo”, pontua o economista da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do SPC, Nelson Barrizzelli. Quanto ao uso de novas tecnologias, o atual cenário varejista surge como uma oportunidade de mercado para empresas desenvolvedoras de softwares e prEstadores de serviços e consultores na área de tecnologia da informação. Isso porque, o estudo mostra que 82% dos empreendedores não utilizam novas tecnologias como e-commerce, automação comercial informatizada, displays interativos e sites de compras coletivas. “As empresas de T.I pecam por priorizar produtos e serviços para o varejo de grande porte. Não adianta tentar oferecer para uma mercearia o mesmo Serviço que serve para uma grande rede de supermercados.
Enxergo nas pequenas e médias empresas um mercado de aproximadamente 800 mil varejistas com grande potencial a ser explorado”, comenta Roque Pellizzaro Jr.
Por outro lado, o estudo informa que 53% dos empresários pretendem investir no negócio, mas de outras formas: fazendo ampliações na loja, adquirindo maquinário e contratando mais mão de obra. Esses tipos de investimentos mostram o otimismo dos entrevistados com a economia,  uma vez que 57% deles não esperam aumento da inadimplência. No entanto, mais uma vez a maioria dos varejistas afirmou que esses investimentos serão feitos exclusivamente com capital próprio.
O motivo de tanto investimento próprio, segundo a CNDL, é que o crédito oferecido pelos bancos é limitado, a burocracia é alta e os juros cobrados são caros. “Os bancos seguem um raciocínio mercadológico: preferem emprestar capital de giro a curto prazo (juros maiores) do que liberar crédito para um investimento de longo prazo (juros menores)”, explica Roque Pellizzaro Junior.
 

Para o dirigente lojista, o mecanismo deveria funcionar exatamente ao contrário, já que, de acordo com o estudo, o faturamento bruto dos varejistas é de aproximadamente R$ 60 mil por mês e 50% empregam de um a quatro funcionários por estabelecimento. “A massa do varejo brasileiro é formada por empresas pequenas e simples. Uma possível solução para encorajar o acesso desses empreendedores ao crédito seria seguir o exemplo do que hoje é feito com o crédito agrícola, ou seja, deveriam ser oferecidas certas linhas de crédito desburocratizadas e obrigatórias na carteira dos bancos. Caso nada seja feito, este dinheiro não vai chegar para quem mais precisa”, avalia.
 
Com informações Assessoria de Imprensa CNDL


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