UM NOROESTE DE OPORTUNIDADES

“... ALI, POR ENTRE A FOLHAGEM, DISTINGUIAM- SE AS ONDULAÇÕES FELINAS DE UM DORSO NEGRO, BRILHANTE, MARCHETADO DE PARDO; ÀS VEZES VIAM- SE BRILHAR NA SOMBRA DOIS RAIOS VÍTREOS E PÁLIDOS, QUE SEMELHAVAM OS REFLEXOS DE ALGUMA CRISTALIZAÇÃO DE ROCHA, FERIDA PELA LUZ DO SOL. ERA UMA ONÇA ENORME, DE GARRAS APOIADAS SOBRE UM GROSSO RAMO DE ÁRVORE, E PÉS SUSPENSOS NO GALHO SUPERIOR, ENCOLHIA O CORPO, PREPARANDO O SALTO GIGANTESCO...” Divulgação ARTIGO Se vivo fosse, o brilhante José de Alencar poderia nos ajudar a definir, com um universo maior de detalhes, o quão belo e promissor é o Noroeste de Minas. Seus formosos rios bons e escuros, suas grandes lagoas, vales, chapadas e vazantes. Lugar de onças vermelhas e muito buriti. Por essas regiões temos em abundância milho, soja, feijão, leite, carnes, frutas, ouro, zinco, diamantes, calcário, açúcar, álcool, ma- deira, enfim, produção de alimentos e seus in- sumos mais nobres. Mesmo há poucos meses vivendo nessa região, a observância detida e o caminhar constante têm me propiciado uma vi- são ampla dessa paisagem social e já me meto a dar alguns palpites a respeito. Uma primeira constatação é a de que se fa- zem necessários instrumentos logísticos ade- quados para incrementar e valorizar tão nobre potencial. Praticamente todas as riquezas re- gionais trafegam à custa de fretes rodoviários UM NOROESTE DE OPORTUNIDADES WILLIAM RODRIGUES DE BRITO GERENTE DA REGIONAL NOROESTE DO SEBRAE-MG e no desgaste contínuo das rodovias. Assim, o sonho da extensão que ligaria o Noroeste à estrada de ferro Vitória-Minas, via terminal in- termodal de Pirapora, não pode parar. Essa, a meu ver, é a maior e mais importante obra a ser consolidada na região, que a transformaria no maior corredor de escoamento de produção agrícola do país.  A abundância de águas disponíveis à mar- gem esquerda do Velho Chico, principalmente das bacias do Paracatu e do Urucuia, aliada ao clima ideal para o cultivo, fazem dessa mesor- região o enorme celeiro de Minas Gerais. Ne- cessário é avaliar sua intensidade de captação e manejo sustentável, pois, pelos censos agro- pecuários e planos diretores da agricultura de Minas, desde 2006 são mais de 100 mil hecta- res de área irrigada no Noroeste mineiro. Três entre os sete maiores municípios irrigadores do estado estão nessa região. Outro ponto de suma importância é o in- cremento de acesso aos fundos constitucionais de crédito, a exemplo do Fundo Constitucio- nal de Financiamento do Centro-Oeste (FCO) e do Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE). Esses instrumentos seriam capazes de alavancar os investimentos, princi- palmente os mais robustos, com longos prazos para pagamento e capacidade para atingir as comunidades mais longínquas, carentes de in- formações e recursos. Poderia aqui me estender e falar das mani- festações culturais do Grande Sertão de Gui- marães Rosa, da culinária, do turismo, dos par- ques e reservas ecológicas ainda preservadas, bem como dos grandes investimentos em cur- so, como a exploração de gás, da suinocultura e bovinocultura em ampla expansão. Do baru, do pequi, de outros frutos do cerrado, do mel. Das personalidades regionais – Afonso Arinos, Olegário Maciel, João Pinheiro, Dona Beja. Poderia, ainda, discorrer sobre o infinito acervo religioso e a fé inabalável desse povo. E, assim, farei com mais tempo em outros rabiscos. Viver no Noroeste, enfim, é um exercício constante do grande e do pequeno, do rico e do pobre, do formal e do não, do culto e do simplório, do capital e do trabalho, da abun- dância e da escassez, do moderno e do rústico, ou seja, das antagonias necessárias a uma vida agradável.           Venha conhecer nossa região. Vale a pena.


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