RETRATO FIEL

Pesquisa aponta hábitos e costumes do consumidor brasileiro de vestuário, informações úteis para lojistas desenvolverem estratégias e campanhas

A maioria dos consumidores não se interessa por olhar as etiquetas das peças de vestuário, poucos adquirem artigos de moda pela internet e são as mulheres que, geralmente, escolhem o que comprar para si própria e para os membros da família. Essas são algumas das conclusões de um estudo inédito realizado pela Abit (Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção) e pelo MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior) sobre Usos, Hábitos e Costumes do Consumidor Brasileiro de Vestuário.
As informações obtidas com o estudo possibilitam definir melhor as estratégias de vendas, captando novos consumidores e fidelizando os atuais. “Nossa intenção, com essa parceria entre governo e iniciativa privada, foi democratizar as informações, buscando fortalecer o setor nacional ante os importados. Os resultados possibilitam que o empresário entenda a cabeça do consumidor e melhore seus negócios, planejando suas compras e suas rotinas”, explica Fernando Pimentel, diretor-superintendente da Abit. Atualmente, o setor têxtil e de confecção brasileiro é o quarto maior do mundo na produção de vestuário, empregando cerca de 1,7 milhão de trabalhadores diretos. Somente em 2010 faturou US$ 60 bilhões. Em  meio a um mercado cada vez mais crescente, e ao mesmo tempo cada vez mais competitivo pela concorrência com empresas estrangeiras, torna-se fundamental conhecer o comportamento predominante dos consumidores deste segmento.
Na primeira etapa da pesquisa, foram entrevistados consumidores das cidades de São Paulo e do Rio de Janeiro e formadores de opinião de São Paulo sobre conhecimentos preliminares do assunto. Na segunda etapa, foi aplicada a técnica quantitativa, com dados conclusivos sobre o tema. Foram ouvidos consumidores das principais capitais do Brasil: São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Brasília, Curitiba, Porto Alegre, Recife e Salvador.
Ainda que não abranja todos os estados, para o consultor de negócios Alcides Ortiz, da empresa Credify Marketing & Concept, o comerciante tem importantes informações gerais para a elaboração de um agressivo plano de reestruturação de sua loja e de seu marketing. Os resultados podem ainda ajudar a decidir o foco dos seus produtos e das suas campanhas com base no perfil que atenda mais o seu público.
“Se apenas 27% olham a origem da roupa, significa que o que deve ser exposto é produto que demonstre boa qualidade, aparência e preço atrativo. Sendo comum as consumidoras retornarem de um a três meses para novas compras, por que não cadastrá-las de forma a enviar uma mala direta agradecendo a fidelidade e informando as novidades nos períodos previstos para retorno?”, exemplifica.
Grande parte dos varejistas já está se conscientizando da importância de conhecer os hábitos dos seus consumidores para melhor atender seus desejos e necessidades. “Sempre buscamos conhecer o perfil de quem está comprando nossos produtos.
Mensalmente extraímos relatórios da nossa plataforma e do nosso ERP, sistemas de informação que integram todos os dados e processos de uma organização”, destaca José Paulo Motta, sócio do e-closet, primeiro e-commerce de moda do Brasil.
 
O CONSUMIDOR BRASILEIRO
Apenas 27,1% dos entrevistados costumam olhar as etiquetas das peças de vestuário/artigos de moda para saber a origem do produto;
As mulheres são as maiores responsáveis, com participação de 84,6%, pela escolha de peças de vestuário/artigos de moda para si próprias ou para membros da família;
A frequência de compra de peças de vestuário/artigos de moda é de uma vez por mês para 37,7% dos entrevistados e a cada três meses para 30,4% dos consumidores;
As lojas de rua são o local preferido para compra de 56,2% dos entrevistados, sendo que quanto mais jovem o consumidor, maior a preferência pelas compras em shoppings;
O dinheiro ainda é a principal forma de pagamento utilizada para comprar vestuário/artigos de moda, com 56,4% das preferências, seguido de cartão de crédito, com 30,4%;
Somente 15,2% dos consumidores já compraram peças de vestuário/artigos de moda pela internet;
No Brasil, a participação do gasto com vestuário no total de despesas das famílias é de 5,5%, sendo que a Região Norte apresentou o maior índice: 7,4%;
Televisão é apontada como principal fonte de informação sobre moda, com participação de 72%;
47,5% dos entrevistados já compraram produtos de moda por causa de propagandas. Este índice é maior entre as mulheres, com 52,7%;
84,7% dos entrevistados costumam se informar a respeito de moda, sendo que a cidade que mais se destaca é Porto Alegre, com 98,5%; a de menor participação é Belo Horizonte, com 59%;
Apenas 32,1% dos entrevistados acompanham as Semanas de Moda, sendo que as mulheres costumam acompanhar mais que os homens (40,4% e 22,9%, respectivamente);
A maneira de vestir das personalidades (artistas, modelos, cantores e jogadores de futebol) influencia 62,2% dos entrevistados, sendo que as mulheres são as mais influenciadas, com 70,7%.
As informações estão disponíveis nos sites do MDIC (www.mdic.gov.br) e da Abit (www.abit.org.br), sendo possível ter acesso a diferentes informações por meio de filtros e obter os dados completos da pesquisa quantitativa. O superintendente da Abit explica que há uma expectativa que as informações sejam atualizadas anualmente ou a cada 18 meses.


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