Avanço no volume de resíduos sólidos expõe novo desafio

Aumento crescente da produção de resíduos sólidos exige no curto prazo uma solução para o correto descarte desse material; uma das alternativas é investir na efi ciência da coleta seletiva

Em 2010, segundo pesquisa anual da Associação Brasileira das Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe) – divulgada recentemente –, o país produziu 195 mil toneladas desses resíduos por dia, um aumento de 6,8% em relação a 2009, com um total de 182.728 toneladas. Nesse mesmo ano, o montante chegou a 60,8 milhões de toneladas de lixo. Desses, 6,5 milhões não foram coletados e acabaram em rios, córregos e terrenos baldios. Do total de resíduos produzidos, 42,4%, ou 22,9 milhões de toneladas/ano, não receberam descarte adequado: foram para lixões ou aterros controlados que não seguem determinações técnicas quanto ao tratamento de gases e chorume.
Os programas de coleta seletiva também não avançaram na mesma medida: dos 5.565 municípios brasileiros, 3.205 possuem alguma iniciativa de coleta seletiva, contra 3.152 de 2009, o que representou uma evolução de apenas 1,6%.
Para Carlos Silva Filho, diretor executivo da Abrelpe, a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), sancionada há um ano, poderá contribuir para alterar esse quadro. A nova legislação, de acordo com o executivo, trouxe diretrizes bastante fi rmes no sentido de despertar o cidadão a assumir seu real papel no que se refere aos resíduos sólidos. “Mas para que isso se concretize, desde agora, é necessário que as autoridades efetivem as exigências da lei”, ressalta o dirigente. Entre essas, ele enumera a adoção dos sistemas de logística reversa por parte das empresas que operam com embalagens, ações de coleta seletiva e implementação dos projetos para o desenvolvimento das unidades de destinação adequada de resíduos.
Uma das questões em aberto – dada a falta de percepção das pessoas para o procedimento – é a mistura do material orgânico com o material seco, o que provoca a contaminação dos resíduos, lembra o engenheiro Fernando Hartmann, vice-presidente da Sil Soluções Ambientais, de Porto Alegre, especializada na eliminação técnica de resíduos sólidos domiciliares. “Se tivermos uma coleta seletiva mais efi ciente e educação específi ca, poderemos ter uma melhor solução para esse problema”, afi rma. “Precisamos educar a população 365 dias por ano sobre o tema. O cidadão precisa sentir-se participante do processo. Isso porque se o povo não participar não será possível atender às exigências da PNRS.”
A nova lei, de acordo com Harmann, diz que somente o rejeito deve ser despachado para o aterro sanitário. Mas o que é o rejeito? “É o material que passou por uma triagem e deve ser descartado, pois não tem qualquer utilização. Essa compreensão por parte da população depende de esclarecimentos cujo papel é das autoridades. Somente assim será possível viabilizar a série de metas e programas de reciclagem previstos pela legislação no seu prazo máximo de agosto de 2014”, adverte.


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