Três em cada dez idosos sentem falta de produtos voltados para a terceira idade

Quando a terceira idade chega, os brasileiros esperam finalmente conseguir aproveitar melhor o tempo livre e, em alguns casos, ir às compras acaba se tornando a atividade de lazer preferida. Porém, pesquisa realizada pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) em todo o país mostra que três em cada dez idosos sentem falta de produtos que atendam as suas necessidades.
 
Entre os principais desejos do grupo estão celular com teclado e telas maiores (13%), locais para diversão (12%) e roupas (11%). Com relação às roupas, 17% concordam que é difícil comprar, uma vez que encontram peças ou para pessoas muito idosas ou muito jovens.
 
E não são somente os produtos que ganham reclamações. Sobre as empresas e pontos de venda, também há melhorias que precisam ser feitas para 70% dos entrevistados: um bom atendimento (37%), rótulos mais fáceis de serem lidos (34%), bancos para descanso (29%) e sinalizações com letras maiores (27%).
 
“Embora a maioria dos idosos garanta ter autonomia para decidir como gastar o próprio dinheiro, boa parte se ressente da falta de produtos pensados especificamente para atender às suas necessidades. O levantamento mostra que, definitivamente, ainda há muito espaço no mercado para o segmento da terceira idade. A empresa do varejo que identificar as necessidades e desejos desse público-alvo, certamente ganhará novos clientes e verá suas vendas aumentarem”, explica Honório Pinheiro, presidente da CNDL.
 
33% dos idosos deixam de comprar por falta de crédito
 
Diretamente ligado ao consumo como meio de viabilizar as compras, o acesso ao crédito também foi pesquisado pela CNDL e SPC Brasil. A conta corrente (69%) e o cartão de crédito (58%) são os serviços financeiros mais utilizados pelo público da terceira idade. Em seguida, aparecem cartão de loja (37%), cheque especial (19%), empréstimo consignado (18%), crediário/carnê (13%) e empréstimo pessoal (12%). De uma forma geral, percebe-se que as pessoas com idade entre 60 e 70 anos, e das classes A e B são as que mais têm acesso aos itens investigados e 41% dos que têm serviços financeiros não analisaram as tarifas ou juros cobrados ao contratar estes serviços.
 
A falta de crédito é outro fator importante na vida dos idosos: três em cada dez (33%) não compram algo que têm vontade por esse motivo, principalmente carro ou moto (10%), viagens (5%) e eletrodomésticos (5%). Além disso, 15% dos entrevistados já passaram pela situação de ter o crédito negado, principalmente em bancos (5%), lojas de eletroeletrônicos (4%) e financeiras (4%).
 
“Ainda há bastante espaço para o desenvolvimento de políticas de crédito voltadas para o público da terceira idade, o que beneficia tanto o público como o mercado. Ao mesmo tempo, com todo o acesso e influências do mercado de consumo, é fundamental orientar os idosos para utilizar bem os instrumentos financeiros, para que não sejam levados ao desequilíbrio nas finanças e endividamento”, alerta o educador financeiro do SPC Brasil, José Vignoli.
 
Para o especialista, um dos vilões do equilíbrio das finanças dos idosos é o empréstimo de nome. De acordo com a pesquisa, dois em cada dez idosos (19%) já fizeram empréstimo pessoal ou consignado para uso de terceiros (filhos, cônjuge, outros familiares), sendo as principais finalidades o pagamento de dívidas (39%) e a compra de carro/moto (15%) – 16% não souberam dizer o destino do dinheiro.
 
“Quem pede o empréstimo do nome geralmente precisa pagar compromissos pendentes, o que nunca é um bom sinal”, conclui o educador.


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